Plenário do Senado Federal - Brasília – 05/11/2014
Retorno
 hoje à tribuna, ao lado de tantos dos nossos companheiros, para falar 
aos brasileiros pela primeira vez, desde que se encerrou a campanha 
eleitoral que enfrentamos este ano.
Antes de qualquer outra ponderação, devo afiançar-lhes: sinto-me especialmente gratificado e feliz!
Vivi
 uma das jornadas mais importantes de toda a minha trajetória política, 
de toda minha vida – a mais difícil e desafiadora que um homem com 
responsabilidade pública pode protagonizar.
Estou 
agradecido e honrado pela manifestação de mais de 51 milhões de 
brasileiros de todas as nossas regiões, de todos os municípios, de todas
 as idades e classes sociais, que viram na nossa candidatura a 
possibilidade de construir um caminho melhor para o Brasil.
Um caminho para mudar de verdade o Brasil.
É
 com esse sentimento e consciente de minhas graves responsabilidades que
 retorno a esta Casa e venho a esta tribuna. E retorno com convicções 
ainda mais sólidas.
Nos últimos meses, representando 
inclusive muitos de vocês, representando inclusive muitos dos senhores 
que aqui estão e milhões de brasileiros que nos ouvem hoje, me coloquei 
como alternativa na defesa de um Estado mais eficaz. Um Estado moderno, 
que valorizasse a transparência, reconhecesse a meritocracia e, 
sobretudo, zelasse pelo bom destino do dinheiro público e prestação de 
serviços de qualidade à população.
Defendi a retomada 
das reformas para modernizar nossa economia e retirá-la da paralisia e 
do marasmo em que o atual governo a colocou.
Comunguei,
 junto com milhares de brasileiros, em especial com Marina Silva e 
Eduardo Campos, a agenda do desenvolvimento sustentável, a transição 
rumo à economia de baixo carbono, caminho que se mostra cada vez mais 
imperativo se quisermos construir um futuro adequado para nossos filhos e
 netos.
Advoguei em todas as partes do Brasil a 
necessidade da maior participação do investimento privado na construção 
da infraestrutura para que deixássemos de ser aprisionados por uma visão
 ideológica estatizante e ultrapassada.
Defendi a 
manutenção e avanços nos nossos programas sociais, para que pudessem 
servir melhor à população e sair definitivamente da perversa exploração 
eleitoral a que foram mais uma vez submetidos.
E propus
 a reaproximação do Brasil ao resto do mundo, ao qual demos as costas 
nos últimos anos ao priorizar as parcerias com governos ideologicamente 
alinhados.
Também, senhoras e senhores, me posicionei 
na firme na defesa de valores que foram aviltados dia após dia; na busca
 da recuperação da ética atropelada pelo vale-tudo político; na 
preservação do interesse público, tão vilipendiado por interesses 
privados e partidários; e no combate sem tréguas à corrupção, que atinge
 níveis como nunca antes se viu no país.
Ao atual estado de coisas, mais de 50 milhões de brasileiros, senhores senadores, disseram não.
E
 disseram “não” porque buscavam e sonhavam, como continuando buscando e 
sonhando, com um país melhor, um país verdadeiramente justo, mais 
honesto, mais equilibrado e um governo que seja mais eficiente e aja com
 maior decência.
Porque acreditam que o rigor da lei deve atingir a todos. 
Estes
 milhões de cidadãos que marcharam conosco também compartilham da nossa 
visão de que o atual modelo político encontra-se esgotado, degradado 
pelos atos daqueles que nos governam há mais de uma década.
Assim
 como nós, também perceberam que convivemos hoje com um modelo econômico
 estagnado, desequilibrado, cada vez mais isolado do mundo, com um 
Estado pesado e pouco produtivo.
Aos apoios e tantos 
foram eles que recebemos foram se somando muitos outros, e pouco a pouco
 nossa candidatura deixou de ser apenas a de um partido político, de uma
 coligação partidária, para se tornar um movimento como poucas vezes se 
viu na história brasileira.
Perdemos as eleições por 
uma pequena diferença, mas algo de novo, novíssimo aconteceu no Brasil: a
 chama da renovação se acendeu e continua mais forte do que nunca, 
ultrapassando o tradicional marco do processo eleitoral. 
Sinto
 nas ruas, nas conversas e tenho certeza que os senhores da mesma forma 
percebem isso, nas redes sociais, que o ânimo da população por uma 
verdadeira mudança, por um novo rumo, não esmoreceu.
Tenho a dizer a todos e a cada um de vocês: nosso projeto para o Brasil continua mais vivo do que nunca.
Senhoras
 e Senhores, parlamentares que lotam este plenário. Travamos, nestas 
eleições, uma disputa desigual. Uma disputa em que os detentores do 
poder usaram despudoradamente o aparato estatal para se perpetuarem, por
 mais quatro anos, no comando do país. Esta é a verdade.
Adotou-se
 um vale-tudo nunca antes visto na nossa história. Nossos adversários 
cumpriram o aviso dado ao país, de que nas eleições se pode “fazer o 
diabo”. E fizeram.
Mostraram que não enxergam limites 
na luta para se manter no poder. A má-fé com que travaram a disputa 
chegou às raias do impensável, do absurdo. E agrediu a consciência 
democrática do país.
Primeiro atingiram Eduardo Campos,
 depois Marina Silva e, por último, fui eu o seu alvo preferencial. Mais
 grave ainda, espalharam o medo entre pessoas humildes, manipularam o 
sentimento de milhares de famílias, negando-lhes o livre exercício da 
cidadania.
Esta intimidação e esta violência só têm 
paralelos em regimes que demonstram muito pouco apreço pela democracia. 
Nesse vale-tudo eleitoral, legitimaram a calúnia e a infâmia como 
instrumentos da luta política. Usaram a mentira para tentar assassinar 
reputações.
Acrescentou-se ao cenário do uso vergonhoso
 da máquina pública, simbolizado emblematicamente pela atuação dos 
Correios, essa grande empresa brasileira. E aqui peço licença para 
saudar os seus funcionários e agradecer as inúmeras manifestações de 
solidariedade que deles recebemos na luta contra esse crônico 
aparelhamento da empresa.
Neste caso, viu-se o 
inimaginável, que resume um pouco de tudo o que aconteceu: de um lado a 
postagem de correspondências da candidata do PT sem chancela, significa 
que, na prática, nunca o Brasil saberá qual volume de propagandas do PT 
foi efetivamente enviado sem pagamento.
De outro lado, a
 não-entrega de milhares de correspondências pagas pelos partidos de 
oposição, e deixo aqui mais uma vez nesta tribuna, constatada esta 
denúncia como as enviadas pelo PSDB e o Solidariedade não chegaram aos 
seus destinatários. E essas violações são objeto hoje de ações 
protocoladas por nós na Justiça Eleitoral e na Procuradoria da 
República.
Mas não foi apenas isso. A anti-política também assumiu a face do medo que fez milhões de brasileiros reféns da insegurança.
Vejam
 os senhores, aonde chegaram: Sabe disso o senador Cássio Cunha Lima e 
tantos outros brasileiros. Nas regiões mais pobres do país, carros de 
som espalhavam que 13 era o número para permanecer no Bolsa Família e 45
 o número para se descredenciarem do programa.
Famílias receberam ligações e mensagens dizendo que se a oposição vencesse, o programa Minha Casa, Minha Vida seria extinto.
Funcionários de empresas estatais foram informados de que iríamos privatizar empresas e que seriam todos eles demitidos!
No
 geral, o que se assistiu foi uma campanha baseada no estímulo ao ódio –
 um projeto amesquinhado e subordinado ao marketing do medo e da ameaça.
Tentaram,
 a todo custo, dividir o país ao meio, entre pobres e ricos, entre 
Nordeste e Sudeste como se não fôssemos, e esse fosse o nosso mais 
valioso patrimônio, um só povo, um só país, uma só esperança de tempos 
melhores.
A vitória do PT alavancada através desses 
expedientes explica o grande sentimento de grande frustração que tomou 
conta de milhões de brasileiros após o resultado.
Mesmo
 enfrentando tudo isso, e esta para mim é a questão mais relevante, o 
sentimento de mudança que moveu a candidatura das oposições que tive a 
honra de liderar alcançou um resultado magnífico.
Reconhecemos
 o resultado das eleições. Sou um democrata. E aqui não se trata mais de
 contar votos, de fazer comparações, ou medir desempenho apenas do ponto
 de vista eleitoral.
Mais importante que tudo isso é 
saudar o novo país que surgiu das urnas. E esse é o fato mais marcante, 
extraordinário e maravilho dessas eleições que a história haverá de 
registrar: nós assistimos ao despertar de um novo país. Um país sem 
medo. Um país crítico. Um país mobilizado. Um país com voz e convicções.
Um
 país que não aceita mais o discurso e a propaganda que tenta sem 
prejustificar o injustificável. Que tenta esconder a realidade.
O
 Brasil que saiu das urnas é um novo Brasil, onde os brasileiros 
descobriram que podem eles próprios serem protagonistas do seu próprio 
destino.
Por todas as regiões, milhares de pessoas 
ocuparam as ruas de forma espontânea. Não apenas para apoiar um nome, 
mas uma causa. Os brasileiros, senhor presidente e senhores senadores, 
perderam o constrangimento de dizer aquilo que não concordam, que não 
aceitam, que não pactuam. E eles não pactuam mais com a corrupção, com o
 desmando e com tanta ineficiência.
Ocuparam as ruas para mostrar que sabem o que está acontecendo com o Brasil e que não vão permanecer mais em silêncio.
Nessa
 campanha eleitoral, milhões de brasileiros, e a história registrará 
isso de forma muito clara, tomaram posse do seu próprio país. Os 
exemplos estão por todos os cantos.
Estão nos idosos e quantos 
foram aqueles com quem me encontrei ao longo desta caminhada, de 80 ou 
de mais de 90 anos de idade, que me diziam que faziam questão de ir às 
urnas para ajudar a fazer a mudança. 
Nas crianças que 
me enviaram desenhos e mensagens por toda a parte do país querendo 
participar deste processo que significa na verdade a construção do seu 
próprio futuro.
Este país se fez ver nos debates que tomaram as escolas e universidades de todo país.
Nos
 jovens que ocuparam de forma pacífica e alegre as ruas de todo Brasil. 
Nas correntes de oração que uniram milhões de brasileiros.
E
 me emociono de lembrar de muitas delas. Das freiras Clarissas, que 
ouviam os nossos debates de joelho acreditando num país melhor para 
todos os brasileiros.  
Ao final, acredito sinceramente
 que esta campanha permitiu o reencontro dos brasileiros com o país que 
ainda sonham ter e sonhamos ser.
Me sinto 
particularmente honrado em ter podido ser parte desse movimento. E com a
 mesma firmeza com que falei aos brasileiros e os convoquei a darem voz à
 sua indignação e à sua esperança, saúdo neste momento, mais uma vez a 
todos os brasileiros, mas especialmente das regiões mais pobres e de 
forma especialíssima ao Nordeste brasileiro, mas saúdo aqueles que, 
corajosamente, marcharam ao nosso lado, mobilizados por um único desejo,
 uma única vontade, um único sonho em comum: o sonho da mudança. A 
mudança que representa um novo projeto depaís, no lugar de um projeto de
 poder.
Quero expressar aqui o meu mais irrestrito 
respeito àqueles que democraticamente fizeram outra opção e deixar minha
 palavra de agradecimento aos companheiros do PSDB, do DEM, do 
Solidariedade, do PTB e dos outros partidos que fizeram conosco essa 
caminhada.
E agradeço de forma especial aos 
companheiros do PSB de Eduardo Campos, do PPS, do PV, do PSC, do pastor 
Everaldo aqui presente, e dissidentes do PMDB, em especial Jarbas 
Vasconcelos, Pedro Simon e Ricardo Ferraço, dentre outros; do PDT de 
Pedro Taques, Cristovam Buarque e Reguffe; e do PP da grande senadora e 
amiga Ana Amélia, quero aqui agradecer o privilégio da sua companhia 
nesta caminhada, do senador Dornelles, e de tantos quantos em partidos 
que não estão hoje no âmbito da oposição, fizeram fazer prevalecer a sua
 consciência e a sua responsabilidade para com o país.
Através
 deles, homenageio, milhares de lideranças políticas, espalhadas por 
todos os municípios brasileiros que disseram sim à mudança. A essas 
forças políticas, somaram-se forças da sociedade: sindicatos de 
trabalhadores, entidades de classe, associações comunitárias, 
profissionais liberais, médicos, advogados, servidores públicos 
indignados com o que vêem acontecer em suas empresas.
Mas
 nada, nada foi mais forte do que a volta dos jovens às ruas para, 
deforma pacífica, dizer um sonoro “Basta” a tudo que está aí.
Portanto, meus amigos e minhas amigas,
Subi
 já várias vezes a esta tribuna. Por inúmeras vezes na tribuna da nossa 
Casa irmã, a Câmara dos Deputados, mas em nenhum momento, com esta carga
 de responsabilidade.
E quero aqui, do alto desta 
responsabilidade, reafirmar para que os anais desta casa registrem para a
 história que, de todas, a mentira foi a principal arma dos nossos 
adversários.
Mentiram sobre o passado para desviar a 
atenção do presente. Mentiram para esconder o que iriam fazer tão logo 
passasse as eleições. Fomos acusados de propostas que nunca fizemos. 
Assistimos a reiteradas tentativas de reescrever a história, sempre nos 
reservando o papel de vilões que jamais fomos, e não somos. 
No
 entanto, não demorou muito para que a máscara começasse a cair. O 
Brasil escondido pelo governo na campanha eleitoral está se revelando a 
cada dia. Alertei durante todo o processo sobre os riscos da inflação. 
Perante toda a nação, a presidente insistiu em negar o problema evidente
 da alta de preços, da carestia. O desenrolar dos fatos mostrou quem 
tinha razão.
Apenas três dias após as eleições – 
repito: três dias – o Banco Central elevou os juros já escorchantes da 
nossa economia e não sei se irá parar por aí... 
Para a presidente, em sua campanha, elevar os juros era retirar comida do prato dos mais pobres. 
Pois
 bem, se isso era verdade, foi o que ela fez logo que ganhou as 
eleições: prejudicando os brasileiros mais carentes. E sabia que iria 
fazer isso! 
O governo escondeu o rombo das contas 
públicas brasileiras, que registraram em setembro o pior resultado da 
nossa história: R$ 20 bilhões num único mês! Resultado: desde o início 
do governo Dilma, a dívida pública brasileira já cresceu mais de oito 
pontos do PIB apenas nesse período.
Escondeu 
reiteradamente que havia a urgente necessidade de ajustes, mas agora 
antecipa que eles deverão ser “duríssimos”, no ano que vem, em meio a um
 ambiente econômico que já não cresce e que a cada dia gera menos 
empregos. 
Para complicar, o déficit comercial só 
cresce, indicando problemas flagrantes na competitividade da nossa 
economia, e o rombo nas contas externas aumenta e nossas taxas de 
investimento e poupança só diminuem. Chegamos a ter a menor taxa de 
nossa economia em décadas.
A candidata oficial também 
negou a necessidade de reajustar tarifas públicas e, mais que isso, 
acusou a minha candidatura de estar preparando-os, caso vencêssemos as 
eleições. 
Pois bem, a presidente já está fazendo o que
 disse que não faria: na próxima semana, teremos o aumento da gasolina e
 já nesta semana as tarifas de energia sofrerão reajustes que 
simplesmente anulam toda a redução obtida com a truculenta intervenção 
havida no setor elétrico nos últimos dois anos. 
Sem 
falar na ameaça, estampada nos jornais de hoje, de que no verão nos 
esperam apagões de energia. E o mais grave, senhoras e senhores, ao 
omitir dos brasileiros a verdade, e adiar medidas necessárias a conta a 
ser paga aumenta exatamente para aqueles que menos têm.
Me
 orgulho de ter feito uma campanha limpa. Mas isso parece não importar 
aos donos do poder. Ganhamos, devem estar dizendo, e é isso que 
importa. 
Quem falou a verdade foi tachado de 
pessimista, de ser contra o Brasil, e quantas vezes ouvi essas 
acusações. Mas a história rapidamente mostrou quem tinha razão: 
esconder, camuflar, virou a rotina deste governo. 
Só 
não conseguiram esconder os escândalos de corrupção porque os delatores 
que faziam parte do esquema resolveram falar a verdade para diminuir 
suas penas e todo esforço feito inclusive nesta Casa pra inibir as 
investigações foi em vão. Os fatos falaram mais alto.
Agora,
 os que foram intolerantes durante 12 anos falam em diálogo. Pois bem: 
qualquer diálogo tem que estar condicionado ao envio de propostas que 
atendam aos interesses dos brasileiros e, principalmente, ao 
aprofundamento das investigações e exemplares punições àqueles que 
protagonizaram o maior escândalo da história deste país, já conhecido 
como “Petrolão”. 
A triste realidade é que o governo 
não se preparou para controlar a inflação, recuperar o controle fiscal e
 reduzir nosso desequilíbrio externo para voltarmos a crescer e gerar 
empregos de maneira sustentável. 
O que se observa hoje
 é um governo ainda sem um plano econômico – aliás, sem plano algum que 
tenha sido trazido a conhecimento da sociedade brasileira. Exceto pela 
ameaça de aumento da carga tributária e de mudanças em direitos dos 
trabalhadores, como o seguro-desemprego – contra os quais desde já nos 
posicionamos. 
Senhoras e senhores. Ainda que por uma 
pequena margem, o desejo da maioria dos brasileiros foi que nos 
mantivéssemos na oposição. E é isso que faremos, com o ânimo redobrado.
É isso o que faremos conectados com o sentimento de metade do país que temos hoje a responsabilidade de representar. 
Faremos
 uma oposição incansável, inquebrantável, intransigente na defesa dos 
interesses dos brasileiros. Vamos fiscalizar, acompanhar, cobrar e 
denunciar. Vamos combater sem tréguas a corrupção que se instalou no 
governo brasileiro.
E, mesmo sendo minoria no 
Congresso, vamos lutar para que o país possa avançar nas reformas e nas 
conquistas que precisamos alcançar.
E a nossa 
prioridade deverá continuar a ser a mesma que teríamos se fossemos 
governo: sempre os mais pobres, sempre a diminuição das desigualdades 
que ainda nos envergonham.  
É hora de olhar para frente. De cuidar o presente, para prover o futuro que o Brasil e os brasileiros merecem ter.
Três
 compromissos fundamentais vão orientar a nossa luta: o compromisso com a
 liberdade, com a transparência e com a democracia. Primeiro, a defesa 
intransigente das liberdades, em especial a liberdade de imprensa. 
Segundo, a exigência da transparência em todas as áreas da administração
 pública. Terceiro, a defesa da autonomia e fortalecimento dos poderes 
como base de uma sociedade democrática.
E aqui 
antecipo, que o decreto dos conselhos populares enviado ao Congresso 
Nacional sem qualquer discussão prévia, deverá ter aqui, no Senado, o 
mesmo fim que teve na Câmara dos Deputados, o seja, o arquivo.
Defendo
 como sempre defendi, a ampliação das consultas populares e da 
participação popular na definição das políticas públicas neste país. Mas
 isso tem de ser feito em diálogo permanente com os representantes do 
povo brasileiro e eles estão aqui no Congresso Nacional. 
Senhoras
 e senhores, neste cenário de tão grandes dificuldades esperadas, vamos 
estar mais firmes do que nunca: vamos cumprir o nosso dever!
Precisamos
 estarmos atentos aos nossos adversários, que, poucos dias depois das 
eleições, divulgam um documento oficial que mostra sua verdadeira face: a
 da intolerância, a da supressão das liberdades, a dos ataques às 
instituições. 
Mais que isso, nossos adversários de 
novo não se constrangem em propor um projeto que se pretende hegemônico,
 o oposto daquilo que a democracia pressupõe: liberdade de escolha e 
alternância de poder.
Não satisfeitos em atacar 
instituições, em atentar contra a democracia, tentaram carimbar na nossa
 candidatura características que na verdade retratam a própria ação 
petista.
Dizem no documento que a minha candidatura 
representou “o machismo, o racismo, o preconceito, o ódio, a 
intolerância, a nostalgia da ditadura militar”.
Não, 
senhoras e senhores, esses atributos que jogam sobre mim, na verdade, 
eles jogam 51 milhões de homens e mulheres que são verdadeiramente 
atacadas pelo PT neste instante em um documento oficial.
A
 grande verdade é que nossa campanha respeitou os limites da ética, 
falou a verdade, defendeu a democracia em todos os instantes e, por 
isso, conectou-se com toda a sociedade brasileira.
Não,
 nós não somos isso quequerem fazer crer. Somos na verdade, brasileiros 
de várias matrizes ideológicas que se, de alguma forma, se juntaram, se 
encontraram, no mesmo campo político, no mesmo projeto, porque este era o
 projeto melhor para o país.
Senhora e senhores, essas 
não são, como disse aqui, as características do povo brasileiro. Somos 
um povo generoso. E a missão da atual e próxima presidente da República,
 disse isso a ela no telefonema que lhe fiz, logo após a homologação do 
resultado eleitoral, é exatamente este, maior que qualquer outro, de 
unir o país, em torno de um projeto de desenvolvimento, mas para isso é 
preciso falar a verdade. Para isso é preciso encarar nos olhos todos os 
brasileiros.
Como já disse, e repito mais uma vez, é 
nosso desejo verdadeiro contribuir para que o país avance através das 
reformas que os brasileiros há tanto tempo esperam e há tanto tempo 
buscam, como a reforma política e a tributária. 
É hora
 de o Brasil conhecer as bases da proposta de reforma política do 
governo até hoje omitida. Porque deverá ser debatida e aprovada nesse 
Congresso legitimamente eleito e depois sim, submetida através de 
referendo, ao crivo da sociedade brasileira.
Qualquer 
outro caminho é mais uma tentativa diversionista para tentar distrair a 
plateia de outros graves problemas que estamos enfrentando e ainda vamos
 enfrentar. 
É nosso compromisso, senhoras e senhores, 
transformar o Bolsa Família em política de Estado, para livrar o país, 
definitivamente, da chantagem eleitoral, que se repete, eleição após 
eleição, a céu aberto, sem qualquer constrangimento.
Da
 mesma forma, vamos trabalhar incessantemente para dar à segurança 
pública patamar de política de Estado, para por fim às omissões do 
governo central nesta área.
Vamos cobrar cada uma das promessas 
para a melhoria da qualidade da nossa educação básica, ainda tão 
fragilizada e carente de recursos e esforços convergentes.
É
 crucial recuperar imediatamente os patamares de investimento em saúde 
pública, para revertermos o quadro dramático de desassistência em todo o
 país.
Cobraremos, senhoras e senhores, e este é o 
nosso papel, deste governo a vigência de um estado que respeite 
direitos, em contraposição ao flagrante regime de drásticas 
insuficiências que se abateu sobre o país e penaliza diretamente os mais
 pobres, os que mais precisam, aqueles que menos têm.
E
 este talvez seja, senhoras e senhores, o grande desafio do Brasil do 
nosso tempo: ser uma Nação que garanta direitos dignos dos cidadãos.
O
 Brasil real exige providências efetivas que resgatem os direitos das 
pessoas à vida, à dignidade. Basta de tanta omissão. Chega de 
terceirizar responsabilidades e penalizar estados endividados e 
municípios à beira do colapso financeiro. 
E aqui faço 
questão de reiterar um dos nossos compromissos mais importantes: a 
restauração plena da Federação brasileira, engolfada pela incúria do 
governismo e uma das mais drásticas concentrações de recursos, poder e 
mando da história republicana na órbita da União.
O 
Brasil exige – e nós cobraremos desse governo - respeito à lógica 
federativa, o que significa compartilhar decisões e responsabilidades e 
repartir com mais justiça e equidade os impostos arrecadados com o 
trabalho dos cidadãos.
Por iniciativa desta casa e saúdo mais uma vez a senadora Ana Amélia, começamos a trabalhar e conseguir avanços nessa direção.
Peço
 licença para encerrar essas minhas primeiras palavras agradecendo a 
todos e a cada um dos companheiros, e a cada um deles, com que tive a 
honra de cumprir essa jornada de amor ao Brasil.
Saúdo,
 na família de Eduardo Campos, de sua esposa Renata e seus filhos, cada 
família brasileira que uniu gerações no sonho de mudar o Brasil.
Saúdo
 em Marina Silva a capacidade de priorizar, acima de tudo, o amor ao 
Brasil. A ela meu imenso respeito pessoal e a certeza de que, mais do 
que nunca, seu protagonismo se faz necessário para consolidarmos a 
grande travessia. 
Nos companheiros do PSDB, saúdo o 
encontro e o reencontro com a nossa história, nossos princípios e nossos
 compromissos com o país.
E me permito homenagear a todos na figura do grande estadista Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República.
Aos
 nossos aliados, saúdo o desprendimento e a crença inabalável em uma 
Nação forte, justa, mais igual. A oposição a partir de agora não terá a 
voz de um líder. Seremos todos porta-vozes de um inédito sentimento por 
mudanças que galvanizou o país.
E me dirigindo, 
respeitosamente, aos que venceram essas eleições, e que democraticamente
 cumprimento, reafirmo que: ao olharem para as oposições no Congresso 
Nacional, não contabilizem apenas o numero de cadeiras que ocupamos seja
 no Senado ou na Câmara.
Enxerguem, através de cada 
gesto, de cada voto, de cada manifestação de cada um dos nossos, a voz 
estridente demais de 51 milhões de brasileiros que não aceitam mais ver o
 país capturado por um partido e por um projeto de poder.
É
 a esses brasileiros que quero garantir ao final, de forma muito clara: 
nossa travessia não terminou. Nós não vamos nos dispersar.
A
 cada brasileiro e a cada brasileira que foi às ruas. Que vestiu as 
cores da nossa bandeira. Que enfrentou as calúnias e constrangimentos de
 um exército pago nas redes sociais. Que com alegria e esperança 
defendeu a mudança, a ética e a união dos brasileiros. A cada um de 
vocês, digo, em nome dos companheiros da oposição, agora e a cada dia 
dos próximos anos: estaremos presentes. Vamos em frente, juntos sempre, 
por um Brasil melhor que o Brasil atual!
Muito obrigado.
Fonte:Aécio Brasil 

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