Após a tragédia que tirou a vida do presidenciável Eduardo Campos (PSB),
a ex-senadora do Acre, Mariana Silva aparece em segundo lugar numa
pesquisa realizada pelo Datafolha, como a principal adversária do
Partido dos Trabalhadores (PT), na disputa pelo Palácio do Planalto, mas
a candidata ainda não cortou totalmente o cordão umbilical com as
fileiras petistas.
Maria Silva abandonou o PT em 2009, se filiando ao PV para concorrer à
Presidência da República, obtendo nas eleições, 20 milhões de votos.
Apesar de se colocar como uma alternativa aos governos petistas, a
ex-ministra de Lula (PT) ainda tem vínculos com os “companheiros”,
através de seu marido Fábio Vaz, que ocupa cargo em um governo
capitaneado pelo PT.
O marido da ex-ministra e provável candidata pelo PSB, Marina Silva,
Fábio Vaz de Lima, pilota cargo de confiança no governo do petista
Sebastião Viana. Ele é secretário adjunto de Desenvolvimento Florestal,
da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis. Mesmo rompendo
com o PT, a família da presidenciável continua em cargo patrocinado pelo
partido.
Fábio Vaz de Lima recebe mensalmente do governo petista R$ 18.232,93.
Quando Marina Silva anunciou quer seria a vice de Eduardo Campo, na
disputa contra o PT, uma discussão veio à tona. Filiados petistas do
Acre contestaram a permanência de Fábio Vaz na estrutura de confiança do
governo. Ele bateu o pé e disse que não se demitiria da secretaria.
Depois de quase um ano da rusga, Fábio Vaz continua exercendo sua função
no governo do Acre, enquanto isso, Marina Silva faz campanha cerrada
contra o governo petista de Dilma Rousseff. Nos bastidores políticos,
surgem questionamentos sobre o projeto alternativo da ex-ministra, se
realmente seria um terceira via ou continuidade dos governos do PT.
TCU apontou irregularidades em doação de madeira feita pelo Ibama na gestão da ministra Marina Silva
Aldo Rebelo lembrou do caso nesta semana por cohttp://veja.abril.com.br/noticia/brasil/tcu-apontou-irregularidades-em-doacao-de-madeira-feita-pelo-ibama-na-gestao-marina-silvanta da disputa com ex-senadora em torno do novo Código Florestal
O clima tenso na tentativa de votação do Código Florestal trouxe
à tona um caso ainda mal-explicado envolvendo Fábio Vaz de Lima, o
marido de Marina Silva. Irritado com uma crítica da ex-senadora, o
deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) sacou uma acusação contra Marina - e
que pesa também sobre ele mesmo. Em 2004, quando era ministro da
Articulação Política, ele teria operado, a pedido da então ministra do
Meio Ambiente, para derrubar no Congresso um requerimento de convocação
de Lima para depoimento. O marido de Marina Silva era acusado de
envolvimento na doação de madeira clandestina apreendida na Amazônia a
uma organização não-governamental.
O que você precisa saber sobre Marina
Marido de Marina é processado por desvio de dinheiro público
A candidata à Presidência da República, Marina Silva (PSB) desponta
no cenário político nacional, com a proposta de implantar uma nova forma
de fazer política, mas as ligações de seu marido Fábio Vaz de Lima, com
alguns escândalos de improbidade e suspeita de corrupção, podem
respingar em suas pretensões e provar que ela está ligada diretamente
com a “velha política” que diz combater.
Fabio Vaz de Lima é acusado de irregularidades na extinta Sudam.
Segundo os autos do processo que tramitou no Supremo Tribunal Federal
(STF) e posteriormente foi encaminhado ao Juízo da 6ª Vara Federal da
Seção Judiciária do Maranhão, o marido de Marina Silva, teria
beneficiado ilegalmente a Usimar em São Luis, com recursos do Fundo de
Investimentos da Amazônia.
O caso do desvio de R$ 44,2 milhões envolve 40 pessoas. Os nomes de
Fabio Vaz e Roseana Sarney se destacam no processo. Os recursos
liberados à época, para construção de uma fábrica de autopeças que nunca
saiu do papel. Os recursos liberados na reunião de conselheiros da
Sudam sumiram sem explicação. O valor aprovado durante a reunião que
Fábio Vaz participou seria de R$ 600 milhões.
Em entrevista concedida ao jornalista Altino Machado, do portal
terra, Fábio Vaz se defende e diz que seu nome foi colocado no processo
“de maneira indevida”. Vaz destaca ainda que teria participado da
reunião da Sudam, apenas como ouvinte. Ele afirma que Jorge Viana e
Gilberto Siqueira seriam os membros do conselho deliberativo da Sudam,
mas não puderam participar da reunião.
O marido de Marina Silva destaca que não votou para liberação de
recursos para o governo de Roseana Sarney, pois não era titular e nem
suplente do conselho deliberativo. Fábio Vaz afirma que assinou apenas a
lista de presença no evento, mas acabou envolvido no processo por
desvio de dinheiro público e improbidade administrativa. Vaz acredita
que sua inocência ainda será provada.
O assunto ressurgiu após a participação de Marina Silva em debates
com os demais candidatos. A ex-ministra que participou ativamente do
governo do ex-presidente Lula, acusou os ex-companheiros de envolvimento
em escândalos de corrupção. Dilma não deixou por menos e disse que o
ministério conduzido por Marina também foi denunciado por corrupção e
venda ilegal de madeira.
O número do processo que cita o nome do marido de Marina Silva, como
um dos envolvidos no suposto esquema de desvio de dinheiro público e
improbidade administrativa é 200137000080856. São 11 volumes com 3.097
folhas, 19 apensos. O requerente é o Ministério Público Federal. São 40
envolvidos, entre eles, Roseana Sarney, Fábio Vaz e Jorge Francisco
Murad Junior.
Apesar de o processo tramitar há mais de 10 anos, até o momento,
nenhum dos envolvidos foi indiciado pela Justiça. Mas este não é o único
caso suspeito de corrupção que envolve o marido da ex-ministra Marina
Silva. Fábio Vaz também é apontado em um caso de doação de seis mil
toras de mogno apreendidos para a ONG Federação de Órgãos para a
Assistência Social e Educacional (FASE).
À época, Marina Silva era ministra do Meio Ambiente. Fábio Vaz de
Lima era secretario do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), um
conglomerado de 200 ONGs que atua na Amazônia. Houveram denúncias de que
a política de doação do Ibama, seria uma forma de esquentar madeira
ilegal extraída da Amazônia. O Tribunal de Contas da União (TCU)
condenou a doação.
O TCU alegou que a doação que teria contado com a participação de
Fábio Vaz, teria sido promovida sem observar os princípios da isonomia,
impessoalidade e publicidade. Nos autos, não teria ficado claros os
motivos que levaram à escolha da ONG que Vaz era secretário, como
donatária no processo que teria resultado na doação de seis mil toras de
mogno.
Outra reportagem que chamou atenção, à época, foi publicada na
revista Isto É – que denunciou superfaturamento num plano de manejo na
Amazônia, em reservas extrativistas feito pelo Conselho Nacional de
Seringueiros, ONG – que de acordo com a publicação de circulação
nacional – teria ligações estreitas com Fábio Vaz de Lima, que também
ocupou diversos cargos em governos do PT.
Fábio Vaz, marido de Marina Silva, responde a processo por improbidade
Ele diz que seu nome foi incluído de maneira “indevida” na ata de uma reunião que resultou em prejuízo de R$ 44 milhões para a Sudam
Fábio Vaz de Lima, marido da ex-senadora, ex-ministra e candidata à Presidência da República Marina Silva,
é réu numa ação civil por improbidade administrativa. A ação tramita na
6ª Vara da Justiça Federal, em São Luís, capital do Maranhão. Conhecido
e noticiado como “Caso Usimar”, o processo, número 2001.37.00.008085-6,
está, neste momento, com o juiz federal Jorge Ferraz de Oliveira
Junior. O último registro eletrônico no site da 6ª Vara Federal diz que
os autos estão conclusos para decisão desde o último dia 5 de maio.
Vaz e outros 18 réus foram denunciados pelo Ministério Público Federal
(MPF) por ter aprovado, em 14 de dezembro de 2000, um projeto da Usimar
Componentes Automotivos no Conselho Deliberativo da Superintendência de
Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Segundo a denúncia, o projeto, que
nunca saiu do papel, resultou num prejuízo de R$ 44,15 milhões. A ação
tramita na Justiça desde dezembro de 2001. Já subiu para o Supremo
Tribunal Federal – mas, em 2008, a ministra Cármen Lúcia mandou que
retornasse à 6ª Vara, onde está até hoje, 13 anos depois de começar, à
espera de julgamento.
Vaz foi procurado por ÉPOCA, direta e indiretamente. Não quis falar até
o fechamento desta reportagem. No dia 20 de agosto, quando Marina se
declarou candidata a presidente no lugar de Eduardo Campos, Vaz deu uma
entrevista ao blog do jornalista Altino Machado, de Rio Branco, capital
do Acre. Machado perguntou sobre o Caso Usimar. Vaz respondeu:
“Infelizmente, colocaram meu nome de maneira indevida, pois naquela
reunião do Conselho Deliberativo da Sudam eu participava apenas como
ouvinte. Não votei, pois não era titular e nem suplente do Conselho
Deliberativo. Estou pagando caro por um erro que não cometi”.
Na ata da reunião da Sudam – onde 19 conselheiros tinham direito a voto
–, o nome dele aparece como um dos 18 nomes que deram aprovação ao
projeto da Usimar. Apenas um voto foi contundentemente contra – do então
superintendente da Receita Federal para a Região Norte, João Tostes
Netto, hoje secretário estadual da Fazenda no Pará. Num voto
estritamente técnico, Tostes elencou diversas irregularidades que, no
seu entendimento, não deveriam permitir a aprovação. Vaz estava na
reunião da Sudam, em São Luís, representando oficialmente o então
governador do Acre, Jorge Viana (PT), do qual era subsecretário. Viana e
seu suplente, o secretário de Planejamento Gilberto Siqueira, não
puderam comparecer. “Fui deslocado para São Luís de maneira inesperada”,
disse. “Viajei uma noite toda, cheguei no final da manhã, mas atrasado
para a reunião da Sudam. Por ter assinado a lista de presença, acredito
que meu nome foi colocado na ata, depois não (me) ocorreu atenção de
retificar.” Vaz responde a processo porque seu nome aparece na ata – e a
Justiça decidirá sobre sua participação no episódio.
Vaz com Marina (acima) e com os dois filhos do casal, no início do relacionamento (abaixo). Ele é pai de dois dos quatro filhos de Marina (Foto: Reprodução)
Vaz tem 49 anos e é pai de dois dos quatro filhos de Marina. Nascido em
Santos, litoral paulista, foi para o Acre com 17 anos, em 1983.
Enraizou-se, trabalhou na área agrícola e na militância social. Conheceu
Marina na Universidade Federal do Acre. Juntaram os trapos em 1986,
quando ela já se separara do primeiro marido. Foram ambos do PT até
2009, quando Marina se desfiliou e entrou para o PV. Embora tenha se
desfiliado, Vaz nunca entrou para o PV ou outro partido. Também não se
afastou dos governos petistas no Acre – onde trabalhou em cargos
executivos de confiança durante quase 14 anos. Só se afastou do governo
de Tião Viana dois dias antes de Marina declararse candidata a
presidente. Como secretário adjunto de Desenvolvimento Florestal, da
Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis, seu salário era de
R$ 18 mil.
O casal tem uma outra chateação, além da que se amontoa na 6ª Vara
Federal. Tem a ver com o hoje ministro de Esportes da presidente e
candidata Dilma Rousseff, Aldo Rebelo. Na madrugada de 11 de maio de
2011, Aldo era só deputado federal, pelo PCdoB. Estava cercado de
deputados, no plenário da Câmara Federal, todos tensos com a acirrada
discussão sobre o Código Florestal, então acompanhada com lupa e Twitter
por Marina. Disseram a Aldo, relator do projeto, que a ex-ministra
postara um comentário acusando-o de fraudar uma parte do texto em
discussão (não era verdade).
Aldo explodiu (como o leitor curioso pode ver no YouTube). Dedo em
riste, disse: “Quem fraudou contrabando de madeira foi o marido de
Marina Silva, defendido por mim, nesta Casa, quando eu era líder do
governo. Quando líder do governo, evitei o depoimento do marido de dona
Marina”. Ele se refere a uma denúncia feita em 2004, durante o primeiro
governo Lula. Marina era ministra do Meio Ambiente. E Vaz – técnico
agrícola, ongueiro e então secretário do já segundo governo Viana –
passava pela chateação de ter sido acusado por irregularidades e
corrupção no Ibama, órgão sob a coordenação de Marina. Publicadas na
imprensa, as denúncias chamaram a atenção do deputado oposicionista Luiz
Carlos Hauly, do PSDB do Paraná.
No requerimento 25/04, Hauly formalizou um convite para que o
presidente do Ibama, Marcus Barroso Barros, dois outros comissionados do
órgão e mais Vaz fossem prestar esclarecimentos na Comissão de
Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados.
Especificou o tema: “Superfaturamento em contratações do Ibama, com
recursos do BNDES”. ÉPOCA refez a tramitação do requerimento de Hauly e
ouviu o áudio da reunião em que ele foi votado – está tudo on-line, no
site da Câmara dos Deputados. Foi a sexta reunião ordinária da CFFC, em
12 de maio de 2004, presidida pelo deputado Antony Garotinho. Foi nela
que atuou Aldo, então líder do governo petista.
Aldo Rebelo na sessão da Câmara em que criticou o marido de Marina
Silva, em 2011. Ele não retirou o que disse (Foto: João batista/Câmara
dos Deputados/ba)
A ata cita Hauly apresentando a convocação dos quatro e registra que o
deputado João Magno (PT-MG) fez uso da palavra. No áudio, Magno pede a
Hauly que só o presidente do Ibama fosse chamado. Depois das
negociações, Hauly acatou. Os quatro viraram um só: “Em votação, o
requerimento foi aprovado por unanimidade com alteração: convidar
somente o senhor Marcus Barroso Barros”. Vaz estava livre. Barroso
Barros depôs em 16 de junho de 2004 – e o citou duas vezes. “Conheci o
Fábio Vaz de Lima por ser esposo da ministra Marina Silva”, disse aos
deputados da CFFC. “Não desconheço (sua) importância para a organização
dos trabalhadores na criação de reservas extrativistas.”
Depois da explosão de Aldo, naquele maio de 2011, Marina convocou uma
entrevista coletiva para rebater as acusações contra seu marido. Disse
que eram “falsas e levianas”, “cortina de fumaça para sair do debate do
Código Florestal”. E representou ao procurador-geral da República,
Roberto Gurgel – processo 005422/2011-58. Pediu que fossem investigadas
“as acusações proferidas pelo deputado Aldo Rebelo e todas as demais
acusações delas derivadas veiculadas na imprensa desde então”, relativas
a “supostas irregularidades ocorridas durante sua gestão no Ministério
do Meio Ambiente, entre janeiro de 2003 e maio de 2008, que teriam
beneficiado seu marido, Fábio de Lima”. Nem ela nem o marido processaram
Aldo – nem ele retirou ou pediu desculpas pelo que disse.
Gurgel deu seu parecer dois anos depois – em 23 de julho de 2013,
momento em que Marina lutava pela aprovação legal da Rede
Sustentabilidade. É um parecer conclusivo: “Quanto às acusações feitas
contra Fábio Vaz de Lima, não há um único elemento que confira foros de
verossimilhança aos fatos mencionados pela imprensa. Determino o
arquivamento dos autos”.
Marina traz o documento de três páginas e meia sempre à mão. Vaz ainda
não esqueceu a madrugada em que Aldo o atacou. “A democracia não se faz
com mentiras e atos torpes como ele fez”, disse. Na semana passada,
ÉPOCA perguntou a Aldo, por meio de sua assessoria, se ele retirava o
que disse. Não retirou.
Resta, ativo, o processo da 6ª Vara Federal. E, claro, a prosaica
questão sobre como será chamado se Marina for a próxima presidente da
República. Primeiro-cavalheiro, como recomendam alguns puristas? Ou
primeiro-damo, como alguns já o chamam em tom de brincadeira?
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