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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Manifestantes são 'filhos rebeldes' de Lula e Dilma, diz 'El País'


Um artigo de opinião publicado no portal do jornal espanhol El País diz que os protestos que sacodem o Brasil são os 'filhos rebeldes' do ex-presidente Lula e da atual mandatária Dilma Rousseff.

'Lula e Dilma são como pais que se sentem orgulhosos de ver seus filhos saírem da penúria, ingressarem na universidade e poderem levar no bolso um celular e as chaves de uma moto ou de um carro', diz o artigo, assinado pelo correspondente Juan Arias.

'Os filhos cresceram, começaram a saber mais coisas da vida e da política de seus pais, e a dominar melhor que eles (os pais) todos os labirintos endiabrados da tecnologia da informação moderna'.

Em sua analogia, Arias diz que, ao crescerem, 'os filhos' começaram a fazer perguntas ao pais e, 'pior', começaram a discordar deles.

'Chegaram ao extremo de reclamar do que ainda não tinham ganhado ou de que o que tinham estava estragado, diziam que o brinquedo não funcionava bem'.

O texto menciona que Lula chegou a elogiar o sistema de saúde do Brasil com uma frase que 'hoje ele preferiria esquecer'. Segundo o artigo, em uma ocasião, o ex-presidente teria dito que o sistema teria chegado 'quase à perfeição' e que no Brasil 'algumas pessoas tinham até vontade de ficar doentes para desfrutar de um hospital'.

Os filhos um dia foram a esses hospitais e viram que era melhor estar saudáveis', diz o texto.

'Precisamos ouvi-los'

O artigo do El País ainda diz que os 'filhos', que 'subiam nos ônibus pagando caro, sendo empurrados, alguns tentando entrar pelas janelas, 'eles' com perigo de serem assaltados e 'elas' abusadas sexualmente, em vez de alegrarem-se com os estádios de primeiro mundo começaram a dizer que poderiam abrir mão da Copa, mas não de transportes, escolas, e hospitais dignos'.

O texto diz que a reação da presidente, que afirmou na terça-feira que o governo 'está atento às vozes que pedem mudanças', se assemelha ao tom de pais que, quando conversam sobre os filhos que se rebelam, dizem entre si: 'precisamos ouvi-los'.

O correspondente estima que todos esses assuntos que foram levantados durante os protestos devem ter dominado o encontro de Dilma e Lula na terça-feira à noite.

'Sem dúvida, Dilma e Lula terão saído do encontro com essa vontade de escutar, de dialogar com os filhos rebeldes', diz o artigo, acrescentando que o temor agora é de que talvez os filhos já não queiram conversa e prefiram falar por si mesmos.

'É um momento difícil e ao mesmo tempo apaixonante que o Brasil atravessa. Os aspectos positivos dos protestos que já abraçam quase o país inteiro poderiam servir de exemplo aos países vizinhos'


'El País'/Morador Fiscal

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