Em discurso no Senado, tucano contestará balanço positivo dos petistas e dirá que pilares da economia estão sendo corroídos
BRASÍLIA — Passado o carnaval, a oposição resolveu intensificar suas
cobranças ao governo. Além de criticar os protestos de petistas e
comunistas contra a blogueira cubana Yoani Sánchez, o provável candidato
do PSDB a Presidência, senador Aécio Neves (PSDB-MG), antecipou o
discurso que faria dia 27 e vai aproveitar esta quarta-feira, dia da
festa de dez anos do PT no poder (na qual a presidente Dilma Rousseff
estará com mensaleiros condenados), para marcar uma nova fase da
oposição. No discurso no plenário do Senado, ele vai discorrer sobre os
“13 fracassos do PT” ao longo de sua história.
Os tucanos também esperam ofuscar a festa petista, levando Yoani
Sánchez para participar no Congresso da exibição do documentário que
seria mostrado em Feira de Santana (BA), o que não ocorreu devido à ação
dos manifestantes contra a cubana. As ofensivas foram definidas em uma
reunião da bancada do PSDB e, depois, em evento no Instituto Teotonio
Vilela (ITV), com o economista José Roberto Afonso.
Em contraponto
à cartilha dos dez anos do governo petista, o discurso de Aécio vai
detalhar os “13 fracassos do PT”, listando desde o voto contra Tancredo
Neves no Colégio Eleitoral, em 1985, à campanha contra o Plano Real, as
críticas à Lei de Responsabilidade Fiscal e ao Proer (socorro financeiro
aos bancos), até a derrubada, agora, dos pilares da economia
estabilizada: superávit fiscal, queda de metas de inflação e câmbio
flutuante.
Aécio: falta autocrítica ao PT
Aécio
vai detalhar também os efeitos maléficos da maquiagem contábil do
governo Dilma, que estaria jogando por terra o mais antigo e importante
fundamento que atrai investidores no país: a credibilidade. Vai falar
ainda da omissão na segurança pública, com execução muito baixa do
orçamento dessa área, falta de financiamento da saúde, empobrecimento de
estados e municípios, além do intervencionismo na economia que, dizem
os tucanos, está destruindo estatais como Petrobras e Eletrobras.
—
Vamos ajudar o PT a fazer uma reflexão, refrescar a memória do partido
nesses anos todos. Faltam duas coisas nessa cartilha (do PT) que será
divulgada: generosidade e autocrítica. Generosidade para compreender que
não haveria avanços sem a estabilidade conquistada no governo Fernando
Henrique; e autocrítica para falar também dos grandes equívocos do PT
nesses dez anos — antecipou Aécio.
Com bases em dados apresentados por José Roberto Afonso, que
ressaltou principalmente a gravidade do governo de criar um orçamento
paralelo, transformando o BNDES no maior banco de crédito do país,
concorrendo com o sistema bancário oficial.
— Depois do governo
Geisel, o governo do PT foi o que mais se intitulou nacionalista, e isso
trouxe enormes prejuízos para as estatais, destruindo o patrimônio da
Petrobras e da Eletrobras, em contraponto com o fortalecimento do Estado
— afirmou o senador tucano.
Aécio também vai bater forte no fim
da faxina ética iniciada por Dilma no primeiro ano de governo e sua
participação como militante na festa do PT, hoje em São Paulo, ao lado
de mensaleiros condenados:
— Será surpreendente se a presidente da
República aparecer ao lados de condenados do mensalão. Será um ato de
afronta ao Supremo se a presidente levantar as mãos dos condenados. A
liturgia do cargo não recomenda uma manifestação pública que soaria como
um desagravo aos condenados. Um ato de desrespeito a decisão do
Supremo. Esse é um território perigoso. Ela não é uma militante. É a
presidente do Brasil.
Na reunião preparatória de ontem, o provável
futuro candidato do PSDB fez um apelo à unidade do partido. Disse ser
fundamental que o PSDB se diferencie, que mostre que é um partido com um
projeto de poder, marchando unido e sem divisões. Ou se transformará em
um partido igual aos outros, alertou. Na reunião também houve uma
autocrítica sobre a necessidade de se construir um discurso forte e
melhorar a comunicação com a sociedade.
Fonte:Globo.com
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