Mais de 50 mil ingressos foram distribuídos para o público acompanhar cerimônia. Turistas, jornalistas e religiosos dividem espaço para acompanhar os últimos dias do papado.
O papa Bento 16 participa na manhã 
desta quarta-feira, no Vaticano, de um de seus últimos compromissos 
públicos a pouco mais de um dia antes de deixar a liderança da Igreja 
Católica, na noite de quinta-feira.
Dezenas
 de milhares de pessoas são esperadas na Praça de São Pedro, no 
Vaticano, para a última audiência geral semanal de Bento 16, o primeiro 
papa a renunciar ao cargo em quase seis séculos.
Mais de 50 mil ingressos foram 
distribuídos para o público interessado em acompanhar o evento, mas 
outros milhares de 'sem-ingresso' devem se acotovelar nos arredores da 
praça para poderem se despedir do pontífice.
Durante
 o inverno europeu, as audiências gerais do papa às quartas-feiras são 
normalmente realizadas em um auditório fechado, mas o Vaticano 
transferiu o evento desta semana para a praça diante da expectativa de 
um grande público presente.
Na
 tarde da terça-feira, o movimento na praça era intenso, com turistas 
dividindo espaço com um grande número de jornalistas e religiosos que 
estão em Roma para acompanhar os últimos dias do papado de Bento 16.
Limpando gavetas
O papa deve passar a tarde desta quarta-feira 'limpando as gavetas' no Vaticano, como já havia feito nesta terça-feira
Segundo
 o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, Bento 16 está 
analisando documentos para verificar quais são de natureza pessoal, 
quais farão parte do arquivo de seu período à frente da Igreja e quais 
ele deixará para o próximo papa.
Além disso, segundo o porta-voz, o papa dedicou a terça-feira 'a orações e preparações para os eventos dos dois dias seguintes'.
Na
 quinta-feira, a agenda de Bento 16 prevê um encontro pela manhã com os 
cardeais que já estão em Roma para a eleição do novo papa, esperada para
 as próximas duas semanas.
Entre
 os cardeais presentes deverão estar dom Raymundo Damasceno Assis, dom 
Odilo Scherer, dom Geraldo Majella Agnelo, dom Cladio Hummes e dom João 
Braz de Aviz, os cinco brasileiros esperados entre os 115 membros do 
conclave que elegerá o novo papa.
Às
 17h de quinta-feira (13h de Brasília), Bento 16 deixará o Vaticano, de 
helicóptero, em direção a Castel Gandolfo, residência de verão do papa a
 cerca de 25 quilômetros ao sul do Vaticano.
Lá
 ele deverá fazer uma última aparição pública, da janela da residência, 
antes de deixar formalmente o cargo às 20h (16h de Brasília).
O
 cerimonial prevê que nesse horário os membros da Guarda Suíça, que 
acompanham o papa, deixarão seus postos para marcar oficialmente o fim 
do papado de Bento 16 e anunciar que seu cargo está vago.
Segundo anunciou o Vaticano na 
terça-feira, Joseph Ratzinger manterá após a renúncia o nome de Bento 
16, adotará o título de 'papa emérito' e continuará a ser chamado de 
'Sua Santidade', tratamento reservado apenas aos papas.
Eleição
Apesar
 da expectativa do público com os eventos dos próximos dois dias, grande
 parte das atenções já estão voltadas para a escolha do novo pontífice.
'Espero que o próximo papa seja mais 
carismático que o atual. Acho que a figura de Bento 16 foi meio apagada,
 principalmente depois de João Paulo 2º, que realmente tinha uma empatia
 maior com o publico', disse o turista espanhol Antonio Calcinas, de 53 
anos, enquanto passeava pela praça de São Pedro nesta terça-feira.
Como
 um de seus últimos atos à frente da Igreja, Bento 16 modificou as 
regras para a realização do conclave, a reunião de cardeais que elegerá o
 novo pontífice, para permitir que ele aconteça antes dos 15 dias após a
 vacância do cargo, como determina o direito canônico.
Segundo
 a determinação de Bento 16, os cardeais eleitores poderão escolher 
quando começar o conclave, desde que todos já estejam na cidade.
Espera-se
 que o conclave seja iniciado por volta do dia 10 de março, para 
permitir que um novo pontífice seja escolhido e instalado a tempo de 
comandar as celebrações de Páscoa no Vaticano, no fim do mês.
O
 número exato de cardeais que participarão do conclave ainda parece 
incerto, após o cardeal escocês Keith O'Brien renunciar na segunda-feira
 ao cargo de arcebispo de St. Andrews e Edimburgo em resposta a 
acusações feitas no fim de semana sobre 'atos impróprios' supostamente 
cometidos por ele contra padres nos anos 1980.
O'Brien
 manteve o posto de cardeal e poderia participar do conclave, mas 
anunciou que se absterá de participar para não desviar as atenções da 
mídia sobre a escolha do novo pontífice.
Com a decisão de O'Brien, cresce a 
pressão para que cardeais acusados de acobertar escândalos de abusos 
sexuais cometidos por sacerdotes, como o arcebispo de Los Angeles, Roger
 Mahony, ou o cardeal primaz da Irlanda, Seán Brady, também se abstenham
 do conclave.
Outro
 cardeal-eleitor que já anunciou sua ausência do conclave é Julius 
Darmaatmadja, chefe da Igreja Católica na Indonésia, que alegou 
problemas de visão que o impediriam de participar.
E
 o cardeal ucraniano Lubomyr Husar, arcebispo emérito de Kiev, deve 
perder o conclave por uma questão de dias - ele completou nesta 
terça-feira 80 anos, a data limite para que os cardeais participem da 
eleição.
cidadeverde
 
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