O Conselho Federal de Medicina (CFM), órgão que regula a
 atividade profissional dos médicos no País, se pronunciou nesta 
quinta-feira a favor do direito da mulher interromper sua gravidez até o
 3º mês de gravidez. A entidade manifestou sua posição em uma declaração
 que será enviada ao Senado, a qual contribui para o debate de um 
projeto de lei que amplia os casos em que o aborto é permitido 
legalmente.
Neste aspecto, o CFM destacou que é propício que o 
aborto seja mantido como crime no Código Penal, mas, por outro lado, 
também defende a ampliação dos casos em que a interrupção da gravidez 
pode ser praticada legalmente como exceção.
Além de defender o aborto em casos de estupro, 
anencefalia (fetos sem cérebro) e risco de vida, casos que o aborto já é
 considerado legal no País, o CFM se pronunciou a favor da autonomia da 
mulher de decidir se quer abortar antes dos três meses de gestação.
A descriminalização do aborto nos quatro casos foi 
defendida em votação majoritária pelos conselhos regionais de medicina 
nos 27 Estados e pelo Conselho Federal de Medicina, que representam 
aproximadamente 400 mil médicos em todo o País.
Os médicos disseram ter votado a favor do aborto nos 
casos excepcionais depois de terem analisado diferentes "aspectos 
éticos, epidemiológicos, sociais e jurídicos" do assunto. "É importante 
esclarecer que os conselhos de medicina não afirmaram ser favoráveis ao 
aborto, mas sim à autonomia da mulher e do médico em casos de exceção", 
afirmou o presidente do CFM, Roberto Luiz d'Ávila, no comunicado emitido
 pela entidade.
"Nesse sentido, as entidades médicas estão de acordo com
 a proposta ainda em análise no Congresso Nacional", acrescentou D'Ávila
 ao esclarecer que a ampliação dos casos em que o aborto pode ser 
praticado legalmente é uma proposta de um projeto de lei debatido pelo 
Senado e não pelos médicos.
Segundo o presidente do CFM, o projeto de lei citado 
está sendo analisado no marco de uma reforma do Código Penal e do 
próprio Senado, que pediu ao órgão uma posição sobre o assunto. "Na 
opinião dos conselhos de médicos, com a aprovação dos pontos propostos 
pela reforma do Código Penal, o aborto não será descriminalizado, mas 
serão criadas "causas excludentes da ilicitude", ou seja, exceções em 
que a interrupção da gestação não configurará como crime."
O CFM alegou que, após uma análise dos aspectos éticos, 
os médicos concluíram que os casos de exceção em que o aborto é 
permitido no Brasil "são incoerentes com compromissos humanísticos e 
humanitários, e paradoxais perante a responsabilidade social e os 
tratados internacionais assinados pelo governo brasileiro".
De acordo com o CFM, a análise dos aspectos 
epidemiológicos permitiu concluir que os abortos realizados ilegalmente 
por pessoas sem preparação ou em clínicas clandestinas têm um forte 
impacto sobre a saúde pública. O conselho citou estatísticas segundo as 
quais os abortos mal praticados representam uma grande causa da 
mortalidade materna no País, sendo que as complicações geradas por estes
 procedimentos aparecem como a terceira causa de ocupação de leitos 
obstétricos.
            
   
 Agência Brasil
         
  

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