A Reforma política deve ser votada na próxima semana no Congresso.
Relator deve priorizar cinco temas no debate dos dias 9 e 10 de abril.
A reforma política está na pauta do
Plenário da Câmara para a próxima semana: na terça (9) e na quarta (10),
os deputados deverão votar novas regras para o sistema eleitoral do
País. Entre os temas a serem debatidos estão o financiamento de
campanhas políticas e o formato das votações. O relator das propostas,
deputado Henrique Fontana (PT-RS), explicou hoje (4), em entrevista
coletiva, alguns pontos que farão parte do debate.
Duas
propostas de emenda à Constituição (PECs 10/95 e 3/99) e um projeto de
lei (1538/07) deverão nortear a discussão. Segundo os substitutivos a
serem apresentados por Fontana, as coligações eleitorais ficarão
proibidas nas eleições proporcionais. Os partidos que se unirem nas
eleições deverão formar as chamadas federações partidárias, que durarão
pelo menos quatro anos.
Além disso, de acordo com as PECs,
todas as eleições passarão a acontecer apenas uma vez a cada quatro anos
– não mais em dois grupos, de dois em dois anos, como ocorre
atualmente. Para tanto, os prefeitos e vereadores eleitos em 2016 teriam
mandato de seis anos. Outra medida prevista é a mudança nas datas de
posse dos eleitos – 5 de janeiro para os prefeitos, 10 de janeiro para
os governadores e 15 de janeiro para o presidente da República.
As
alterações previstas nas propostas de reforma política são muitas e,
segundo Fontana, o debate pode se estender por até três semanas. Além
disso, qualquer deputado poderá apresentar em Plenário outra proposta,
desde que ela não dependa de alteração da Constituição. “Esse tema é
complexo e não pode depender de consenso para votação. O País tem
necessidade urgente de um novo sistema político”, afirmou.
Financiamento público exclusivo
Um
dos pontos mais polêmicos da proposta de Fontana é o financiamento
público exclusivo de campanhas. Pelo projeto, as pessoas físicas e
jurídicas poderão continuar a doar recursos para campanhas – mas não
poderão mais determinar qual candidato receberá os aportes. Cada
campanha terá uma verba máxima a ser definida pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e os gastos dos partidos deverão ser divulgados pela
internet em até 15 dias.
Pela proposta, as verbas do fundo
específico das campanhas serão divididas da seguinte maneira: 5% entre
todos os partidos com registro no TSE; 10% entre as bancadas com pelo
menos um representante na Câmara; 10% entre os partidos com mais de dez
deputados federais; e 75% repartidos proporcionalmente de acordo com os
votos obtidos para a Câmara dos Deputados ou a Assembleia Legislativa, a
depender do caso. Dessa forma, as legendas que não conseguirem eleger
nenhum representante, porém conquistarem votos, também receberão parte
dos 75% que serão distribuídos proporcionalmente.
TV Câmara
O relator defende adoção de uma "lista flexível" nas eleições de vereadores e deputados.
Para
Fontana, esse formato garante a diminuição da influência do poder
econômico no resultado das eleições. “Mais de 90% do que é gasto hoje em
campanhas é pago por 200 grandes empresas. Além disso, se compararmos
os 513 deputados eleitos e os 513 suplentes, constatamos que os eleitos
gastaram, em média, seis vezes mais que os não eleitos. Há uma relação
direta entre a capacidade de arrecadação e o resultado das eleições, o
que precisa acabar”, defendeu.
O
relator ainda criticou o argumento de que o novo formato oneraria a
população, que passaria a arcar diretamente com os custos das campanhas
eleitorais: “É uma falácia acreditar que hoje a população não pague
pelas campanhas. Esses valores são pagos sim e estão embutidos nos
preços dos produtos”.
Lista flexível
Outra
mudança proposta por Fontana é a chamada lista flexível para eleições
proporcionais, ou sistema belga – um modelo intermediário entre o
sistema atual e a lista de candidatos preordenada e fechada. Pelo
projeto, os partidos deverão registrar seus candidatos de forma
ordenada, mas essa lista poderá ser objeto de mudanças de acordo com o
resultado das urnas.
De
acordo com a proposta, o eleitor continuaria a votar como hoje – na sua
legenda ou no seu candidato de preferência. No primeiro caso, ele
reforçaria a lista predefinida pelo partido. No segundo, ele poderá
alterar a posição do seu candidato na lista do partido.
Fontana
acredita que a medida deve “ajudar a superar o personalismo da
atividade política” e tem chances de ser aprovada pelo Plenário. “Eu,
pessoalmente, defendo a lista fechada de candidatos. Mas temos de
respeitar o costume do eleitorado brasileiro, que, na maior parte dos
casos, prefere votar diretamente no seu candidato”, ponderou.
Fonte: Agência Câmara
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