Julgamento do goleiro Bruno começa nesta segunda-feira
Ele é acusado de mandar sequestrar e matar a ex-amante Eliza Samudio, com quem teve um filho; sua ex-mulher também será julgada
Após 971 dias atrás das grades, um dos réus mais notórios do País, o ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes das Dores de Souza, de 28 anos, volta a se sentar diante de um júri popular a partir de amanhã. Acusado de mandar sequestrar e matar a ex-amante Eliza Samudio, de 24 anos, com quem teve um filho, o atleta será julgado em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde está
Sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues do
Carmo, que responde por sequestro e cárcere privado da criança que o
jogador teve com a vítima, também começará a ser julgada amanhã.
Mas
a decisão do júri não será o desfecho da história. Além de dois
julgamentos de outros três acusados, marcados para abril e maio, novas
investigações estão em andamento para apurar a possibilidade de outros
dois ex-policiais civis mineiros terem participado do assassinato com
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, outro ex-agente acusado formalmente
pelo crime.
Bruno
e Dayanne já estiveram à frente de um júri popular em novembro, mas não
foram julgados. Após uma série de manobras da defesa, o processo foi
desmembrado, primeiro em relação ao ex-policial, que será julgado em 22
de abril, e também no caso do goleiro e da ex-mulher. "Não vamos adiar o
julgamento de novo", garante o advogado Lúcio Adolfo da Silva.
A
grande diferença entre o julgamento de novembro e o que começa amanhã é
que, no ano passado, todos os envolvidos negavam até mesmo que Eliza
estivesse morta, já que o corpo nunca foi encontrado. Diante do júri,
porém, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, ex-braço direito e
amigo de infância de Bruno, assumiu que a modelo foi assassinada e ainda
acusou o goleiro de ter sido o mandante, como sustentam a Polícia Civil
e o Ministério Público Estadual (MPE). Macarrão foi condenado a 15 anos
de prisão. A confissão levou a juíza Marixa Fabiane Lopes a determinar a
expedição do atestado de óbito de Eliza.
Morte
"Nunca
contestei a morte. Não digo que está morta ou viva. Mas no processo não
vejo provas da morte", afirma o advogado. Silva nega qualquer
possibilidade de acordo para redução de pena. "Vou enfrentar a acusação.
No Brasil, quem acusa tem de provar. A acusação é baseada nos
depoimentos do Macarrão e do Jorge", diz, referindo-se a Jorge Luiz
Rosa, primo de Bruno.
Hoje
com 19 anos, ele já cumpriu 2 anos e 8 meses de medida socioeducativa
de internação pelas acusações de sequestro, cárcere privado e
assassinato de Eliza, que teriam ocorrido quando o rapaz tinha 17 anos.
"Macarrão fez acordo com o promotor, que antes o chamava de facínora. E a
narrativa do Jorge é toda a acusação que há no processo, mas agora o
promotor o chama de mentiroso", ataca o advogado. Jorge foi arrolado
como testemunha pela defesa de Bruno e pelo MPE. Em entrevista a uma
emissora de TV, ele disse que Bruno "desconfiava" que Eliza seria
morta, mas que a iniciativa foi de Macarrão. "Há provas de que Bruno
mandou matar. Há acusações pesadas em cima dele e a arrogância de não
confessar facilita", diz o assistente de acusação, advogado José Arteiro
Cavalcante Lima. Opinião semelhante tem o promotor de Justiça Francisco
de Assis Santiago, um dos integrantes do MPE mais experientes no
tribunal do júri. "Há contradições pró e contra Bruno. Mas não é preciso
mais nenhum depoimento. As provas técnicas são irrefutáveis."
cidadeverde
Nenhum comentário:
Postar um comentário