"Nós temos
partidos de mentirinha. Nós não nos identificamos com os partidos que
nos representam no Congresso, a não ser em casos excepcionais. Eu diria
que o grosso dos brasileiros não vê consistência ideológica e
programática em nenhum dos partidos. E nem pouco seus partidos e os seus
líderes partidários têm interesse em ter consistência programática ou
ideológica. Querem o poder pelo poder", disse o presidente da Corte.
Um dos maiores
problemas no Brasil, segundo Barbosa, é que o Legislativo "é
inteiramente dominado pelo Poder Executivo. Há um domínio institucional
do Executivo sobre o Congresso Nacional. O Congresso não foi criado para
a única e exclusivamente deliberar sobre o poder executivo. Cabe a ele a
iniciativa da lei. Temos um órgão de representação que não exerce em
sua plenitude o poder que a Constituição lhe atribui, que é o poder de
legislar".
Solução
Há uma ausência
da sensação de representação, e é devido ao sistema eleitoral, afirmou o
ministro. Ainda acrescentou uma solução: "Passados dois anos da eleição
ninguém sabe mais em quem votou. Isso vem do sistema proporcional. A
solução seria a adoção do voto distrital para a Câmara dos deputados
[sistema em que cada membro do parlamento é eleito individualmente nos
limites geográficos de um distrito pela maioria dos votos]. Teríamos que
dividir o país em 513 distritos".
"Hoje temos um Congresso dividido em interesses setorizados. Há uma bancada evangélica, uma do setor agrário, outra dos bancos. Mas as pessoas não sabem isso, porque essa representatividade não é clara", terminou.
"Hoje temos um Congresso dividido em interesses setorizados. Há uma bancada evangélica, uma do setor agrário, outra dos bancos. Mas as pessoas não sabem isso, porque essa representatividade não é clara", terminou.
Rebatendo a
solução do ministro, o senador Rodrigo Rollember (PSB-DF), que também
participou da palestra, argumentou que o atual sistema de votos
proporcionais faz a população do país ser mais bem representada, e que
nos moldes do voto distrital as minorias seriam subrepresentadas.
Entretanto, as
críticas ao Congresso continuaram. O presidente do Supremo
afirmou, exemplificando, que o projeto de emenda limitando os Poderes do
STF "significaria o fim da Constituição de 1988", mas não se referiu
diretamente à PEC 33.
Em que medida podem os cidadãos atuar no intuito de construir uma verdadeira democracia? Até que ponto a fragilidade do sistema se deve apenas à estruturação de votos? Qual a influência da alienação da sociedade brasileira para o cenário atual? A problemática é complexa.
Lígia Ferreira é jornalista e estudiosa de mecanismos sociais e midiáticos.
Com informações do Correio Braziliense e da Folha de São Paulo.
Em que medida podem os cidadãos atuar no intuito de construir uma verdadeira democracia? Até que ponto a fragilidade do sistema se deve apenas à estruturação de votos? Qual a influência da alienação da sociedade brasileira para o cenário atual? A problemática é complexa.
Lígia Ferreira é jornalista e estudiosa de mecanismos sociais e midiáticos.
Com informações do Correio Braziliense e da Folha de São Paulo.
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