Ministro Antonio Patriota mencionou ideia de chamar profissionais de Cuba.
CFM se opõe e diz que tomará medidas jurídicas caso acordo vá adiante
O ministros das Relações Exteriores do Brasil,
Antônio Patriota, dá entrevista após encontro com
o colega cubano, Bruno Eduardo Rodríguez Parrilla
(Foto: Wilson Dias/Abr)
O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nota nesta segunda-feira
(6) condenando a possível vinda de médicos estrangeiros para trabalhar
no país. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou
mais cedo que o Brasil negocia com Cuba um acordo para receber cerca de 6
mil médicos daquele país para atendimento em regiões pobres onde a
assistência à saúde é deficiente.
O CFM afirmou repudiar "qualquer iniciativa que proporcione a entrada
irresponsável de médicos estrangeiros e de brasileiros com diplomas de
medicina obtidos no exterior sem sua respectiva revalidação".
Na visão da entidade de classe, medidas como essa ferem a lei e
configuram uma "pseudoassistência com maiores riscos para a população e,
por isso, além de temporárias, são temerárias por se caracterizarem
como programas políticos-eleitorais".
O comunicado afirma ainda que o CFM e os Conselhos Regionais de
Medicina (CRMs) "envidarão todos os esforços possíveis e necessários,
inclusive as medidas jurídicas cabíveis, para assegurar o Estado
Democrático de Direito no país".
Além de apontar que os médicos estrangeiros, sem a revalidação de seus
diplomas no Brasil, não têm uma comprovação de que têm uma formação à
altura do necessário, o CFM alega que existem estudos que indicam que
esses profissionais, após algum tempo, tendem a migrar para os grandes
centros.
O CFM defende ainda a criação de uma carreira pública para o médico do
SUS, com ênfase na atenção primária, para assegurar a presença de
profissionais nas áreas remota e nas periferias dos grandes centros.
"O que precisamos é de médicos bem formados, bem preparados, bem
avaliados e com estímulo para o trabalho. Tratar a população de maneira
desigual é sinal de desconsideração e de desrespeito para com seus
direitos de cidadania", conclui a nota do conselho federal.
Visita oficial
Patriota apresentou a ideia de trazer médicos cubanos em entrevista no Palácio do Itamaraty, em Brasília, após encontro com o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Eduardo Rodríguez Parrilla, que faz visita oficial ao Brasil.
Patriota apresentou a ideia de trazer médicos cubanos em entrevista no Palácio do Itamaraty, em Brasília, após encontro com o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Eduardo Rodríguez Parrilla, que faz visita oficial ao Brasil.
“Estamos nos organizando para receber um número maior de médicos aqui,
em vista do déficit de profissionais de medicina no Brasil. Trata-se de
uma cooperação que tem grande potencial e à qual também atribuímos um
valor estratégico”, disse o ministro brasileiro.
De acordo com Patriota, “está se pensando em algo em torno de 6 mil ou
pouco mais”. Segundo ele, a negociação também envolve a Organização
Panamericana de Saúde (Opas).
O Itamaraty ainda não faz previsão de prazo para a chegada dos médicos
cubanos e não se manifestou sobre o registro desses profissionais.
Outra parceria que deve ser estabelecida entre os dois países é na área
farmacêutica, na qual Cuba "tem uma clara vantagem comparativa”,
afirmou Patriota.
G1
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