A Urna Eletrônica estava a ser idealizada, no Brasil, desde o período do
regime militar, como proposta de facilitar a realização e a apuração das
votações. A ideia se consolidou em 1990 e o primeiro pleito oficial no Brasil
foi realizado em 1991. Após isso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começou a
implantá-la por todo o país, sendo o sistema e as máquinas aprimorados e
atualizados ao longos dos anos.
As urnas utilizadas no Brasil são as chamadas de primeira geração - isto
é, usam um sistema denomiado Direct Recording Electronic voting machines, ou
simplesmente máquinas DRE: a confiabilidade da apuração dos votos depende da
confiabilidade dos software nelas instaladas, impossibilitando, pois, uma
auditoria dos resultados.
Alguns casos começaram a eclodir nos últimos anos como, por exemplo, em
Guarulhos - segundo maior colégio eleitoral do estado de São Paulo -, em que,
segundo um matemático em entrevista para o jornal da Band, isto seria
considerado praticamente impossível de ocorrer, nas eleições municipais de
2004: 79927 eleitores não votaram; 79927 votaram brancos e nulos; e outros
79927 justificaram. É, até mesmo para os mais ingênuos, de se desconfiar muito.
Além desses, há diversos outros casos de violação e manipulação da urna. Assista ao vídeo que mostra os casos citados e alguns outros:
Uma grande polêmica no ano passado foi quando um grupo da Universidade
de Brasília (UnB) conseguiu, nos testes promovidos pelo TSE, violar a sequência
de votos de uma urna eletrônica, colocando em dúvida o sistema de segurança.
Questionado em entrevista ao O Globo, na época, o ministro Ricardo
Lewandowski, ex-presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, afirmou: “Foi dentro
de um ambiente controlado. Isto, numa situação real, seria absolutamente
impossível porque eles não teriam acesso à fonte; ao algoritmo e não teria como
identificar a lista com os eleitores...O eleitor pode ficar tranquilo que não é
uma quebra, pois esta não era uma situação real e não há como vincular a
sequência de votação ao eleitor”.
Almicar Brunazo Filho, engenheiro pela Politécnica da USP, especialista
em Criptografia e Inteligência Virtual, comentou o caso com o site Viomundo,
desmentindo o afirmado pelo aludido ministro: “Uma vez ordenados os registros
dos votos, há muitas formas de se coagir: basta aos fraudadores (que queiram
coagir eleitores) anotar a ordem de votação dos eleitores e eles poderão
identificar o voto de cada um (e depois co-relacionar com a hora nos arquivos
de log que também são públicos): um voto de cabresto pós-moderno”.
Em relação ao acesso às fontes, dispara: “nos seis meses que antecedem
as eleições regulares, é obrigatória por lei (art. 66 da Lei 9.504) a apresentação
do código-fonte para o Ministério Público, OAB, partidos e demais interessados.
Eu mesmo sempre tive acesso a esses códigos em todas as eleições desde 2000”.
Ademais, relata que as urnas do modelo brasileiro (1ª Geração) foram proibidas
e declaradas inconstitucionais na Holanda e na Alemanha.
No meio político, gerou polêmica o combate verbal travado pelo Deputado Chiarelli, no qual afirma, com veemência, que as urnas eletrônicas brasileiras são uma fraude, uma piada no exterior, além de acusar responsáveis pela criação e pela implantação. O parlamentar chega a insinuar que a morte de diversos políticos teria decorrido de suas denúncias, asseverando, inclusive, que o próprio estaria recebendo ameaças de morte.
“Deputado recebe ameaças de morte após denunciar que urnas eletrônicas
brasileiras são uma fraude”
Tal tema é, ainda, repleto de um nevoeiro de incongruências, "abafamentos", coações e estranhezas. É difícil adentrar neste estudo sem se deparar com absurdos e indignar-se com a displicência com a qual é o assunto analisado e retificado.
Nas
próximas semanas, publicaremos mais artigos e pesquisas a respeito da
temática, de modo a possibilitar que nossos leitores infiram e tirem
suas próprias conclusões, a partir de uma concepção crítica e informada.
Lígia Ferreira é jornalista e estudiosa de mecanismos sociais.
Lígia Ferreira é jornalista e estudiosa de mecanismos sociais.
Folha Política.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário